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FEMINISMO, SORORIDADE E O CAMINHO PARA NOVAS CONQUISTAS

Publicado por: Campus Avançado de Sinop / 1 de Março de 2021 às 11:12

Durante muito tempo, o dia 08 de março, considerado Dia Internacional das Mulheres, foi concebido mais como uma data comercial do que prioritariamente um período para promover reflexões em torno de seu surgimento. Logo, para problematizarmos o assunto e fortalecer o engajamento feminino, sempre se faz importante refletirmos algumas questões envolvendo as mulheres na sociedade.

As mulheres, por meio de movimentos feministas, protagonizaram muitas lutas para a conquista de direitos sociais, políticos e sociais. Podemos citar algumas dessas lutas e conquistas que precisam ser ressaltadas para compreendermos a importância da união feminina e a razão de algumas mulheres se declararem feministas:

1879: no Brasil, mulheres conquistaram o direito de cursar faculdade;

1911: em Nova York, quando as feministas reivindicavam melhores condições de trabalho, 130 operárias morreram carbonizadas em uma fábrica têxtil;

1917: mulheres realizaram, na Rússia, um protesto conhecido como “Pão e Paz”, em que solicitavam melhores condições de trabalho, o fim da fome e da guerra;

1918: as mulheres conquistaram o direito ao voto, na Inglaterra;

1932: a Constituição Brasileira de 1932 concedeu para as mulheres do país direito ao voto;

1945: a Carta das Nações Unidas garante igualdade de direitos entre homens e mulheres;

1960: criação e comercialização da pílula anticoncepcional;

2006: surgimento da Lei Maria da Penha, primeira a reconhecer e criar mecanismos para combater a violência doméstica;

2015: existência da Lei do Feminicídio que qualifica como hediondo os homicídios cometidos contra as mulheres, em razão de serem do gênero feminino.

Mesmo diante dessas e de outras lutas e conquistas que não foram mencionadas, nenhuma delas aconteceu de forma isolada ou encabeçada inicialmente e/ou exclusivamente pelo gênero masculino. Ainda que Bell Hooks (2020) defenda em seu livro “O Feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras”, que os homens podem ser nossos aliados nas lutas feministas, de outro modo, entendemos também, que ninguém melhor do que nós, mulheres, para definirmos o nosso “lugar de fala”, pois somos nós, em nossa posição de mulher, que sabemos o que vivenciamos e enfrentamos diariamente.

Evidentemente o apoio daqueles homens que assumem uma postura de empatia pela igualdade de direitos e respeito entre os gêneros feminino e masculino determina grande relevância nessa busca incessante pela desconstrução do machismo estrutural que tende estar arraigado em nossa sociedade.

Nesse contexto, o feminismo jamais pode ser interpretado com os mesmos sentidos do machismo, tendo em vista que o feminismo propõe a igualdade de direitos e de respeito entre os gêneros feminino e masculino. Diferentemente, o machismo significa algo que oprime, desejando demonstrar superioridade, desmerecendo ou desqualificando as mulheres por meio de palavras e atitudes que legitimam a violência física, moral, psicológica, patrimonial e sexual.

Partindo disso, apesar de muitas mulheres não se assumirem feministas em virtude da presença de alguns estereótipos relacionados ao feminismo, defendo que não podemos generalizar o feminismo, até mesmo em razão da existência de várias vertentes feministas, considerando que não estamos falando de “mulher”, mas de “mulheres” de diferentes culturas, raças, crenças, classes sociais e, cada qual pode estar à frente de lutas que reivindiquem seus direitos a partir da posição ocupada socialmente. O que precisamos compreender, é que as lutas dos diferentes grupos de mulheres precisam acontecer por meio de comportamentos que priorizem o respeito umas às outras, visando à diminuição das desigualdades existentes.

Nesse aspecto, apresentamos a importância da sororidade feminina para abrirmos caminhos para novas conquistas. A sororidade está entrelaçada com a concepção de solidariedade entre mulheres que se apoiam e se respeitam sem julgamentos, ouvindo e priorizando as vozes umas das outras, no sentido de objetivar a conquista da desejada igualdade entre os gêneros.

Embora o termo sororidade gere alguns equívocos, ele não pode ser confundido com falta de posicionamento frente umas às outras ou como obrigação de gostar de todas as mulheres, desconsiderando fatores de afinidades pessoais. Esse termo refere-se, sobretudo, a ter empatia e colocar-se no lugar uma das outras, respeitando seus respectivos lugares de fala.

Se quisermos praticar a sororidade, basta começarmos com pequenas atitudes, tais como: compartilhar informações para crescimento de outras mulheres; encorajar e indicar oportunidades para as demais mulheres; respeitar essas do mesmo modo que gostaria de ser tratada; criar ambientes para trocas de experiências e desabafos; oferecer ajuda para mulheres que estejam sobrecarregadas; valorizar a conquista de outras mulheres; priorizar leituras e indicar trabalhos escritos por mulheres, entre outros.

Sendo assim, ao optar por praticar a sororidade, estamos construindo novos caminhos para uma união que potencializa a ampliação de nossos direitos, podendo contribuir para a desconstrução da rivalidade feminina que nos foi posta e nos aflige durante muito tempo.

Artigo de opinião escrito por:
Joana Rodrigues Moreira Leite
Doutora em Estudos de Linguagem (UFMT)
Professora de Letras do IFMT - Campus Avançado Sinop

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